Simulado simula mesmo?

Preparar-se para os exames vestibulares e para o Enem requer uma série de atividades de natureza distinta e complementar. De um lado, há o que se conhece mais propriamente como atividades de estudo: aulas diversas e estudos individuais. De outro, há um conjunto de provas que têm a função de testar não apenas conhecimentos específicos, mas também apresentar toda a situação concreta vivenciada em uma prova. Trata-se dos “simulados”.


Certamente, ter os conhecimentos testados é uma situação de extrema relevância. Porém, outros aspectos que muitos julgam banais podem fazer toda a diferença em uma situação de prova: a administração do tempo, da própria energia e das emoções.


Em provas muito longas, a medição do tempo é fundamental. Em caso de avaliações em que relógios não são permitidos (como no Enem), é preciso que o aluno desenvolva uma sensação o mais clara possível quanto ao passar do tempo, para que não demore muito em cada questão e, assim, dê conta da prova inteira. Para desenvolver tal habilidade, deve passar por diversas experiências em que o tempo real da prova esteja envolvido: é preciso simular o tempo e sua relação com ele.


Como as provas são muito longas (conforme o exame, é possível chegar a 5horas e meia de prova), a administração da própria energia é fundamental. É preciso alterar as disciplinas que trazem maior desgaste com as que trazem menos; é preciso, ainda, avaliar se é melhor começar pelas mais difíceis ou pelas mais fáceis. E isso só se consegue vivenciando a situação de prova e vivenciando as características cognitivas do próprio aluno. É isso é mais um simulado.


Por fim - e não que esse aspecto seja menor -, é necessário levar as emoções a um teste. Pode-se imaginar que o que se sente diante da situação real de uma avaliação jamais será diminuído por situações anteriores de provas simuladas. Sim, certamente. No momento em que o aluno pegar a prova de verdade em suas mãos, o coração poderá disparar um pouco, e a mão pode transpirar... Porém, se já vivenciou situações e provas semelhantes àquela, em breve o corpo e as emoções se normalizam, porque, afinal, muitas provas já foram realizadas, e a situação real acaba por se equiparar às anteriores. Assim, também as emoções podem passar por simulações...


Dessa forma, podemos concluir que os simulados, de fato, simulam muita coisa. Do conteúdo propriamente dito a aspectos mais subjetivos: tudo está à prova quando o aluno se dispõe a realizar simulados – por isso, essa atividade é tão fundamental.